Alguém dizia a propósito das presidenciais, e à luz de umas
notícias que saíram ontem e hoje, que Marcelo já tinha sido
"arrumado" com o caso BES, e que agora tinha chegado a vez de Santana
Lopes lhe ver aplicada a mesma sentença. Para já, Rui Rio ainda permanece
incólume às "forças estranhas" que se movimentam por aí.
Das relações demasiadamente íntimas entre Marcelo e a
família Espírito Santo já muito se falou e, para muitos, especialmente para
aqueles que lhe são mais críticos, este é por si só um factor impeditivo de
qualquer aspiração a uma corrida presidencial por parte do
"professor".
Já quanto a Santana Lopes é curioso ver que, estando a terminar o seu primeiro mandato na Santa Casa
da Misericórdia de Lisboa, com um bom desempenho, diga-se, e poucos dias depois
do Governo o ter reconduzido à frente daquela instituição para mais três anos,
tenham surgido no espaço de 24 horas duas notícias "cirúrgicas" no
jornal Público assinadas por José António Cerejo. A primeira notícia cita (mal)
uns pareceres disponibilizados pela própria SCML no seu site e acusa Santana de
estar a conduzir aquela instituição para um futuro sombrio.
Não só isso não é verdade (tendo aliás a situação financeira
da SCML melhorado em relação a anos anteriores), como os próprios pareceres não
revelam nada daquilo referido na notícia. Enfim, não é de agora, mas sabe-se
que José António Cerejo é um jornalista de "tendências" e que, não
obstante ter o estatuto de "grande repórter", trabalha
"orientado" para determinados resultados que ele próprio estabelece
no início de uma investigação.
O segundo artigo que assina hoje no Público reforça
precisamente isso, com um tom ainda mais persecutório, falando em supostos
favorecimentos a "boys" e "girls", esquecendo-se de referir
que Santana manteve quase intocáveis antigos dirigentes da Santa Casa que já vinham do tempo do socialista Rui Cunha. Aliás, esta complacência de Santana não
será do agrado de alguns "laranjinhas". E já agora, Cerejo também se
"esqueceu" de referir que alguns dos nomes que cita já fazem parte
dos quadros da Santa Casa há muitos anos.
Coincidência ou não, entre estes dois artigos era publicado,
ontem ao final da tarde, um outro texto, mas desta vez no Observador (talvez
apanhando a mesma "onda" do Cerejo), a dizer que a SCML aparecia na
lista dos incumpridores da Lei dos Compromissos porque, supostamente, não tinha
entregue às Finanças a informação referente ao mês de Junho.
Esta questão não tem qualquer interesse jornalístico, porque
se trata de um mero processo burocrático, e que ainda por cima, ao que parece,
a SCML está isenta dessa responsabilidade. O interessante é ver o Observador ir
procurar esta informação e dar destaque a este facto, precisamente no próprio
dia em que o Cerejo fazia o seu primeiro "ataque". Com esta história
lembrei-me também que David Diniz, director do Observador, foi assessor de
Durão Barroso e aquele aquele projecto terá sido criado com um objectivo
político bem definido.
Em política, estes encadeamentos de acontecimentos, por
vezes subtis e que passam despercebidos à maior parte das pessoas, representam
muita coisa e vão para lá das coincidências. E como diria esse alguém citado no
início desse texto, Marcelo já foi "arrumado" pela imposição dos
acontecimentos... Ao Santana, que começou a ser levado a sério para umas
presidenciais, estão agora a tentar "fazer-lhe a folha", como diria o
povo.